O relatório do IPCC que você mencionou alertou que, a menos que as emissões de gases de efeito estufa sejam reduzidas massivamente, limitar o aquecimento a 1,5 graus Celsius será impossível. Você acha que o relatório mudou alguma coisa no discurso público?
CB:Eu diria que foi tanto um resumo do que todos sentiram em suas entranhas, quanto um alerta. Pela primeira vez, agora reconhecemos que realmente precisamos mudar as condições de contorno. Não se trata de introduzir novas tecnologias. Não se trata de economizar um pouco de energia. Trata-se de uma mudança fundamental em nossa abordagem para consumir e produzir energia.
Os efeitos das mudanças climáticas estão distribuídos de forma desigual, afetando algumas áreas do mundo muito mais do que outras, especialmente os países em desenvolvimento e o sul global. Como você lida com a disparidade entre os locais onde a mudança climática está afetando mais as pessoas e as regiões onde temos mais recursos para enfrentá-la?
CB:Precisamos de soluções diferentes em cada partes do mundo. Ao mesmo tempo, como o Acordo de Paris afirma claramente, o mundo desenvolvido tem a obrigação de apoiar o mundo em desenvolvimento para enfrentar os desafios do fornecimento de energia ao mesmo tempo em que aborda a sustentabilidade. Nós, como mundo desenvolvido, não cumprimos esse compromisso. Precisamos reconhecer que no mundo em desenvolvimento, em particular, o aumento da demanda de energia será enorme. Se o mundo em desenvolvimento não conseguir lidar com esse desafio, não seremos capazes de mitigar as mudanças climáticas, o que acabará prejudicando também o mundo desenvolvido.